Um dos objetivos principais, senão o mais importante, na prepara-ção de mapas de céu inteiro é nterpretar o padrão espacial da emissão Galáctico em função de seu espectro. Esta questão é de particular interesse para o componente síncrotron, dado que sua emissividade depende, como veremos a seguir, tanto do fluxo de elétrons relativísticos quanto da intensidade do campo magnético numa dada região da Galáxia. Nesta seção elucidaremos a associação entre as propriedades do meio interestelar e o comportamento espectral da emissão síncrotron.
Mas antes de particularizar nossa abordagem sobre esta questão convém definir os processos de radiação que caracterizam a emissão Galáctica como um todo. Esta se compõe de:
recebe as contribuições da potência espectral de cada elétron de massa
e carga
na freqüência
ao longo do percurso l até o observador segundo um espectro de
energias
, tal que se
e
(
é a velocidade da luz), então
sendo que para uma distribuição isotrópica de alinhamentos entre
e o campo de velocidades dos elétrons
sendo a constante de Boltzmann e
o fator de
Gaunt.
Num meio ionizado predominantemente composto de HII (
,
), e opticamente fino, o cálculo detalhado
do fator de Gaunt mostra que
,
sendo
e
os limites inferior e superior do parâmetro de
colisão entre os elétrons e os íons. O correspondente índice espectral
entre as freqüências
e
(ambas em GHz) resulta em
sendo que a integral do coeficiente de absorção
é a opacidade do meio (
) e
é a
função de Planck.
A Figura 8 mostra a relação de intensidades em unidades de temperatura de antena entre estes componentes e um corpo negro com a temperatura da Radiação Cósmica de Fundo (para maiores detalhes, veja a seção 1.3.2).
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Observacionalmente, o espectro do componente não-térmico se torna mais
inclinado com a freqüência. Webster (1971) mediu o
espectro da emissão Galáctica em regiões próximas ao Pólo Norte
Galáctico ( e
para
e
para
) e ao anticentro Galáctico (
para
), que se identificariam com emissões
características da região intermediária entre braços espirais da Galáxia
(com aproximadamente metade da emissão proveniente do halo) e do
braço espiral local, respectivamente (Figura 9). Os dois espectros
mostram uma variação no índice
da Equação
(4), tal
que
e
-
.
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Kallas et al. (1983) utilizaram o mapa de Haslam em 408MHz e e
mais
dois mapeamentos parciais do Hemisfério Norte, o de Berkhuijsen (1972)
em 820MHz e o de Reich (1982) em 1420MHz, para investigar a
distribuição do índice espectral na região do anticentro Galáctico entre
Cassiopéia e Perseus. Após convoluirem os mapas em 408MHz e
1420MHz para a resolução de do mapa de Berkhuijsen,
eles extraíram o componente do contínuo isento de fontes discretas e de
esporas e constataram que esta região apresenta um espectro com uma
inclinação acentuada. Denotando de
o
índice espectral1 determinado entre as freqüências
e
, eles encontraram índices médios
,
e
. Como o índice espectral das regiões
isentas de estrutura no padrão espacial do contínuo não-térmico
(componente de fundo em grande escala) é
, sua filtragem
permitiu, ainda, identificar um componente de espectro com
e
. Em termos
do mecanismo de radiação síncrotron, a constituição do meio interestelar
na vizinhança solar se mostra, como veremos a seguir, particularmente
atraente para explicar esta peculiaridade do espectro.