Dada a correlação significativa entre o componente fortemente polarizado da
radiação síncrotron da Galáxia e a polarização da luz estelar, a ordenação
do campo magnético ao longo da estrutura espiral Galáctica sugere uma
origem para o componente de espectro acentuado no braço espiral local. De
fato, o confinamento do campo magnético nos braços espirais também é
observado em outras galáxias. E, ainda, como as medidas da rotação de
Faraday para a emissão Galáctica
fornecem valores inferiores aos obtidos para pulsares e fontes
extragalácticas na mesma região do céu, sugere-se que a polarização da
emissão rádio da Galáxia se origina dentro de uma região com um raio pc.
No caso das fontes extragalácticas, o decréscimo progressivo da rotação
de Faraday com a latitude Galáctica revela um campo magnético
interestelar que se dispõe paralelamente ao Plano Galáctico. Já o mapa de
polarização da luz estelar feito por Mathewson e Ford (1970), a partir de
uma amostra de 6000 estrelas localizadas num raio de 3 kpc, apresenta não
só o mesmo confinamento paralelo mas também exibe detalhes
comparáveis aos evidenciados nos mapas da emissão Galáctica como a
Espora Polar Norte. Webster (1978) sugeriu a existência de
um halo de emissão rádio com uma distribuição esferoidal achatada na
direção do Plano, cuja extensão radial seria em torno de 10 kpc e
semi-altura de -
kpc. Comparativamente, a partir da variação da
intensidade com a latitude no mapa de Haslam, a Galáxia revela os
contornos de um disco central com um raio de uns 8 kpc e meia-altura de
-
kpc. Entretanto, seu campo magnético seria da ordem de 5
vezes mais forte do que o do halo.
Embora nossa Galáxia seja representativa de uma galáxia espiral típica em termos de massa, tamanho e luminosidade, suas propriedades rádio são surpreendentemente diferentes. Em 408MHz, por exemplo, a Galáxia irradia uma potência total quinze vezes maior do que M33 e mais de dez vezes a da M31 (Berkhuijsen 1984). Destas três galáxias espirais, apenas a nossa possui emissividade não-térmica numa escala de altura com relação ao Plano que excede em muito a do próprio gás. Também, a presença de laços e filamentos na Galáxia distingue a morfologia em grande escala do seu campo magnético que se caracteriza por iguais intensidades de campos magnéticos ordenados e orientados ao acaso, enquanto que em M31 e M33 esta razão é o dobro. Como a bi- simetria do campo ordenado ao longo dos braços espirais indica uma conexão com o campo intergaláctico, a relação entre a desordem do campo Galáctico e a existência de emissividade além dos limites de um disco fino se constitui num questionamento em aberto.
Por outro lado, é possível comparar o espectro observado dos elétrons
nos raios cósmicos com o inferido a partir
das observações radiostronômicas. Porém, sabe-se que o vento solar
modula significativamente a difusão dos raios cósmicos para elétrons com
energias GeV provenientes do meio interestelar. Como a
radiação síncrotron emitida por elétrons relativísticos de energia
(GeV) é fortemente acentuada em torno de
Para tanto, Longair (1994a) utilizou os resultados em 10MHz obtidos
por Caswell (1976) e estimou a emissividade síncrotron na direção de
regiões HII conhecidas, que nesta freqüência atuam como anteparos opacos e cuja
contribuição pode ser subtraída diretamente. Mas para que a emissividade
prevista com o espectro dos elétrons nos raios cósmicos fosse compatível
com a emissividade em rádio, o campo magnético interestelar deveria ser
umas 2 vezes mais intenso do que o valor médio, -
G (obtido a partir da razão entre as
medidas da rotação de Faraday e de dispersão dos pulsares). Essa
discrepância pode ser devida à Terra se
localizar numa região de baixa densidade de elétrons relativísticos; ou
simplesmente pelo fato da emissividade síncrotron ser ponderada por
enquanto que
. Se a
discrepância não for significativa, o espectro da
radiação síncrotron poderá ser utilizado para medir a modulação
solar no espectro dos elétrons em função da energia dos raios cósmicos
(rigidez magnética).