Quando se utiliza um radiotelescópio com uma dada resolução angular para
efetuar uma medida da distribuição de brilho no céu, o ângulo sólido
que define o feixe principal da antena cobrirá no céu
uma região cujo brilho integrado estará associado a uma temperatura
média de antena
. Este é o resultado da
convolução sob
do diagrama de radiação (normalizado) da
antena
com a distribuição de brilho no céu
. Portanto, sendo
a área do feixe (a integral de
sob
), a melhor aproximação para a distribuição verdadeira da
temperatura de brilho no céu será dada por
Na prática, a potência coletada pelo radiotelescópio inclui as
contribuições do céu, , e do solo,
(
), nos lóbulos laterais da antena; tal que
sendo a temperatura de antena propriamente dita e
um termo relativo à atenuação atmosférica. Para descontar este
efeito, o mapa observado precisa ser de-convoluído com o diagrama de
radiação total. O lóbulo principal
pode ser medido eficazmente mediante a observação de radiofontes
conhecidas, mas devido às dimensões dos radiotelescópios utilizados nos
``surveys'' da Tabela 1.2, a determinação do nível dos secundários requer a
utilização de transmissores terrestres. A imprecisão nesta determinação
compromete diretamente a qualidade dos mapeamentos, embora, na maioria
dos casos o nível de atenuação dos lóbulos secundários que interceptam o
céu,
resultou da ordem de 20 dB.
Para Y67 os autores tiveram de recorrer a modelos de escala e
considerações teóricas para estimar as contribuições nos lóbulos laterais.
Mesmo assim, optaram por incluir em a resposta do primeiro
lóbulo secundário, e o mapa publicado mostra apenas uma distribuição de
brilho modificada, cuja única correção consistiu em considerar a
contribuição do solo independentemente do apontamento da antena. Esta
simplificação foi inevitável devido ao enorme esforço
computacional que teria sido necessário para se distinguir
de
naquela época. Para avaliar o erro
introduzido, os autores compararam primeiro as temperaturas modificadas
com as temperaturas corrigidas no zênite e depois
acompanharam a variação na temperatura de regiões frias em função da
distância zenital. Concluiram, então, que
e
contribuiriam com incertezas de 2% e 5%,
respectivamente.
Para a versão melhorada de LW70 foi acrescentado um algoritmo
computacional que calculava, a partir de valores tabelados, a contribuição
do céu e do solo nos lóbulos laterais em função da distância zenital. Por
sua vez, em TB62 os autores optaram por
convoluir as temperaturas de brilho observadas alargando artificialmente o
feixe principal para 5^, mas reduzindo a contribuição dos lóbulos
laterais de 33% para 1%. Esta mudança inviabilizaria mais tarde a
utilização desse mapa em estudos do índice espectral. O mapa C não foi
corrigido pelo efeito dos lóbulos laterais, mas
no mapeamento MS73 estima-se que seu efeito seja da ordem de 10%,
e que a radiação refletida pelo solo seja menor do que 2%. Para este
mapeamento são fornecidas, ainda, tabelas com valores de atenuação
ionosférica para corregir eventualmente as observações feitas durante o
dia. Esta correção pode chegar a 20% do sinal medido.
Haslam e colaboradores também não aplicam nenhuma correção devida
aos lóbulos laterais, mas argumentam que a omissão é sugerida pela
excelente concordância nas regiões onde os 4 mapeamentos (H-I, H-II,
H-III e H-IV) coincidem, e pela consistência dos dados quando comparados
aos calibrados de forma absoluta em 404MHz. De fato, Pauliny-Toth e
Shakeshaft (1962) seguiram um procedimento experimental suficientemente
cuidadoso que lhes permitiu avaliar o efeito dos lóbulos laterais
()
e da atmosfera. No experimento deles, todas as observações foram corrigidas
em duas fases. Na primeira, uma aproximação para
na Equação (2) era obtida
estimando-se
a partir da variação na
temperatura de regiões circumpolares (monitoradas entre sucessivas
culminações inferiores e superiores). Calculava-se então seu valor no
zênite aplicando as correções da atmosfera e do solo segundo dados
tabelados para
e uma
contribuição do solo para ângulos de incidência rasante (a radiação
proveniente do solo nas proximidades da antena não se mostrou
significativa). Numa segunda fase, o aumento com a elevação da proporção
de céu para solo nos lóbulos laterais era considerado calculando-se
o efeito cumulativo de
quando se sobrepunha
o padrão polar da antena à distribuição de temperatura da primeira fase.
Desta forma
inferia-se
e obtinha-se
. A incerteza na
escala de temperatura resultou em
% e o erro no seu ponto zero foi de
K.