Existe uma segunda explicação para o declínio acentuado do espectro não-térmico que pode estar associada aos laços, ou estruturas de média escala, que se identificariam com fragmentos próximos de supernovas em avançados estágios de evolução. Neste caso o Sol estaria sendo envolvido por um destes fragmentos.
De acordo com modelos da difusão dos elétrons relativísticos injetados no
meio interestelar por explosões de supernova, espera-se, de fato, que
gradientes no índice espectral conduzam a quebras no espectro quando
as escalas de tempo para perdas energéticas pelos mecanismos
síncrotron () e Compton inverso (
) sejam
iguais ou menores do que o intervalo de permanência dos elétrons no seu
volume de confinamento Galáctico (
anos). Como
De forma geral, seria pertinente questionar a importância dos restos de
supernova para o contínuo não-térmico da Galáxia, dado que a
luminosidade de uma fonte de radiação síncrotron pode ser
estimada a partir da emissividade [
na Equação (4)] se o
volume
da fonte for conhecido. Mas não saberemos se ela se deve à
combinação de uma densidade eletrônica baixa e um campo magnético
forte ou vice versa. Existe, no entanto, uma condição de energia mínima
necessária,
, para a densidade total de energia da
região emissora, que inclui ainda a parcela correspondente aos prótons
relativísticos (aproximadamente equivalente à dos elétrons na Nebulosa
do Caranguejo, mas umas 100 vezes maior segundo estimativas no topo da
atmosfera terrestre). Esta condição pode ser obtida se calcularmos a energia
total das partículas relativísticas para uma distribuição de lei de
potência mediante a substituição da constante
na
expressão de
pela expressão correspondente da emissividade em
termos de
e
. O resultado indica que a energia mínima
corresponde a um estado de equipartição entre as energias do campo
e das partículas na razão 3/4. Esta
energia corresponderia à energia dos elétrons que emitiriam radiação no
intervalo de freqüências limitado por
, segundo a Equação
(9), e uma freqüência mínima,
. Porém, se
considerarmos as perdas por difusão devido às diversas formas de
interação dos elétrons com a matéria, campos
magnéticos e de radiação, o espectro de injeção terá provavelmente
. Fazendo, portanto,
e denominando de
a fração da densidade de energia total devida
aos elétrons relativísticos, teremos (Longair 1994b):
Para um resto de supernova como Cassiopéia A, por exemplo,
erg e
G e, no entanto, uma análise da expansão dos
seus filamentos ópticos implica numa energia cinética total em torno de
erg. Embora haja energia suficiente nos
restos de supernovas (mesmo com
) para injetar elétrons
relativísticos numa dada região da Galáxia, resta saber se tais objetos
dariam conta de manter esta taxa de injeção de elétrons para a Galáxia
como um todo. Ou seja, como a densidade média de energia dos raios
cósmicos no meio interestelar é
MeV
, a energia média
liberada por explosão de supernova na forma de partículas de altas energias
precisaria ser, em princípio, equivalente a
Segundo Gehrels e Chen (1993), a bolha local que caracteriza
a morfologia do gás do meio interestelar na vizinhança solar surgiu,
provavelmente, da explosão da supernova que gerou o pulsar de
Geminga2. Eles
calcularam que a taxa de decréscimo do período de pulsação de Geminga
permite extrapolar no tempo a localizacão do evento da explosão e
concluem que o resultado é compatível com a subseqüente interação
entre o resto da supernova e o gás do meio interestelar local para reproduzir
as particulariedades da bolha: em particular, a criação de uma cavidade de gás
muito quente (K) e de baixa densidade (
), que
emite raios-X e permite detectar a radiação no extremo ultravioleta de
estrelas próximas. Como a posição do Sol em relação à expansão do
resto de supernova o coloca na frente de uma região densa e fria associada a
um braço espiral, a expansão teria evaporado os contornos externos desta
parede e envolvido o Sol num bolsão quente (
-
K,
densidade média
e
pc de extensão)
que se afasta da parede vagarosamente (
km/s). Se as estimativas
estiveram corretas, o evento da supernova que criou Geminga teria
acontecido a
anos, e a uns 60 pc do Sol
3 com um brilho equivalente
ao da Lua.