Medidas espectrais são, em princípio, difíceis de serem feitas, porque a técnica mais adequada requer que o padrão de antena seja idêntico em cada uma das freqüências observadas e, ainda, muito bem conhecido para descontar a contribuição dos lóbulos laterais. Mas se o objetivo é utilizar a informação disponível nos mapas discutidos anteriormente, torna-se necessário adotar critérios que permitam compatibilizar as diferenças técnicas entre eles.
Um estudo feito por Lawson et al. (1987) para o Hemisfério
Norte a partir dos mapeamentos TB62, MS73, H-I, H-II, H-IV e mais dois
mapeamentos parciais, o de Berkhuijsen (1972) em 820MHz e o de
Reich (1982) em 1420MHz, mostrou claramente que os erros residuais
no ponto zero dos mapas introduzem falhas sistemáticas na distribuição do
índice espectral. Para amenizar este efeito, eles convoluiram os mapas em
408MHz, 820MHz e 1420MHz para uma resolução comum
de 4 e optaram por fixar o nível zero de todos os mapas supondo um
índice espectral constante na região do céu mais susceptível a este
parâmetro; ou seja, a região de brilho mínimo. Constataram a seguir
que o mapa em 178MHz se mostrava irreconciliável com a estimativa
menos incerta do nível zero como mostra a Tabela 2.3. O mapa de Haslam
sofreu ainda
um ajuste de
K nos valores de H-IV quando se verificou um
efeito de contraste na fronteira de H-II e H-IV na determinação do índice
espectral relativo ao mapa de Reich. Para garantir um estudo apenas da
emissão Galáctica, dois componentes isotrópicos de origem
extragaláctica foram subtraídos dos mapas: a própria RCF e o sinal
integrado das fontes extragalácticas não-resolvidas. Para estas últimas
Lawson et al.(1987) adotaram uma temperatura de brilho de 50K em
150MHz e o índice espectral
.
Os resultados obtidos por Lawson et al. (1987) mostraram que o
índice espectral não apresenta uma variação significativa nas freqüências abaixo
de 408MHz (), havendo apenas um aumento
esperado de
com a latitude. Segundo o denominador da Equação
(10), as escalas de tempo para os elétrons emissores nesta faixa do
espectro são
suficientemente longas para que suas perdas por radiação síncrotron sejam
proporcionais à escala de altura de seus volumes de confinamento com
relação ao Plano Galáctico.
Acima de 408MHz, porém, o índice espectral devido às
estruturas de média escala (laços, filamentos etc...) se torna mais
acentuado do que o da emissão em
grande escala, enquanto que os menores valores de ocorrem nas
regiões mais frias do céu. Estes autores sugerem, ainda, que a variação do
índice espectral da emissão Galáctica no Hemisfério Norte
resulta do efeito ambiental das quebras no espectro dos elétrons
relativísticos que os restos de supernovas velhos podem introduzir
localmente. No entanto, sendo a intensidade observada uma contribuição ao
longo da linha de visada, o componente de emissão de fundo da Galáxia
deve amenizar o aumento do índice espectral das estruturas observadas na
direção de regiões próximas ao Plano.