Utilizando os argumentos desenvolvidos acima podemos concluir que existe
uma faixa do espectro em torno de algumas dezenas de GHz onde a emissão
Galáctica é mínima e dominada essencialmente pelo seu
componente livre-livre (Figura 8). Por exemplo, em altas latitudes () onde as contribuições dos componentes síncrotron e livre-livre
são aproximadamente iguais em
GHz, a intensidade da
poeira resulta umas 75 vezes menor. Já a equivalência dos componentes
térmicos só ocorre por volta de 75GHz, sendo a contribuição
não-térmica menor por um fator em torno de 3.
O DMR, um segundo experimento a bordo do satélite COBE, foi
exclusivamente desenvolvido para explorar esta região de mínimo e medir a
intensidade da RCF com sensibilidade suficiente para detectar anisotropias de
origem cosmológica. O extraordinário sucesso deste emprendimento foi
confirmado por Smoot et al. (1992) e dependeu de uma
estratégia observacional criteriosa que permitiu mapear o céu inteiro nas
freqüências de GHz, 53GHz e 90GHz. Embora os mapas
resultantes nas duas freqüências mais altas tenham mostrado detecção de níveis
positivos da esperada anisotropia considerando apenas o céu para
, suas respectivas correlações com os mapas de Boughn et
al. (1992) em
GHz e o do DIRBE para a poeira indicaram que
a Galáxia poderia ainda estar contribuindo com
% das estruturas
nos mapas.7 Para o mapa em
GHz a
contaminação Galáctica não comprometia os resultados desde que o corte
em latitude fosse feito com
.
Bennett e colaboradores (B92) estimaram a contribuição da Galáxia aplicando os modelos de emissão discutidos acima. Eles utilizaram três técnicas dife-rentes para fundamentar suas conclusões de que o DMR tinha claramente detectado anisotropia não-cinemática no sinal cósmico.
A seguir, trataremos da técnica de subtração e na seção seguinte abordaremos as outras duas.
Para começar, os modelos dos componentes síncrotron e da poeira nas
seções 3.2.1 e 3.2.2 foram subtraídos dos mapas nas
três freqüências do DMR, de tal forma que o mapa residual em GHz
corresponde à combinação da emissão livre-livre e do sinal cósmico.
Em seguida, extrapolava-se este mapa, com o índice espectral da Equação
(7), para as outras duas freqüências e por subtração eliminava-se a
contaminação livre-livre dos respectivos mapas residuais. O sinal cósmico
em 53GHz e
90GHz era, então, recuperado mediante um fator multiplicativo que
compensava a extrapolação do sinal cósmico a partir de
GHz.
Finalmente,
cancelando o sinal cósmico do mapa resi-dual em
GHz a partir
do valor médio dos mapas resultantes em 53 e 90GHz, obtinha-se um
mapa da emissão livre-livre. Na resolução efetiva de
o mapa
apresentava um perfil de temperatura de antena em função da latitude
que correspondia a
para
em 53GHz. Este resultado se mostrou
compatível com a previsão de Reynolds (1992) na Equação (15), ou
K, uma vez
que esta se refere ao componente difuso; enquanto que o mapa sintético do
DMR inclui a contribuição de fontes discretas. No entanto, o efeito da
amostragem incompleta podia ser quantizado comparando-se a intensidade
prevista por Reynolds para a linha de N
em
m e a observada
pelo FIRAS nesta freqüência. Assim, o valor observado resultava da ordem de 3
vezes maior que o previsto.
O espectro dos componentes Galácticos apresentado na Figura 1.8 resume
a contribuição da Galáxia implementada nesta técnica de subtração.
No caso do componente síncrotron, extrapolamos o valor médio da
temperatura de antena do mapa de Haslam para
(
) com o índice espectral
indicado na Figura 1.11. A intensidade da emissão livre-livre na Equação
(15) foi corrigida de um fator
, enquanto que o modelo
da poeira na Equação (18) foi adaptado para dois componentes com
variando com o cossecante de
, de tal forma que
e
.