Diante das dificuldades decorrentes do processo de contaminação pela Galáxia, torna-se mais do que necessário investir numa solução cujo resultado seja pelo menos satisfatório para avaliar as implicações cosmológicas de uma medida da RCF. Sendo assim, nada nos impede de procurar esta solução com a mesma formulação matemática que caracteriza as flutuações na temperatura da RCF. Desta forma passaremos a nos preocupar com a distribuição angular dos sinais contaminantes.
Kogut et al. (1996a) assumem este tipo de postura diante do problema e propõem que os mapas do DMR sejam representados como uma superposição das variações de intensidade na RCF e de um mapa externo (modelo) da emissão da Galáxia, tal que
em que
Os mapas escolhidos para representar os mapas externos da Galáxia foram:
(a) o mapa de Haslam em 408MHz, (b) o modelo do componente
síncrotron descrito na seção 3.2.1, e (c) os mapas em 100, 140 e
m do DIRBE. Em cada caso foram feitos cortes em latitude a
20
ou 30
. Os resultados mostraram que não havia
correlação estatisticamente significativa entre os mapas do componente
síncrotron e os do DMR, mas que a morfologia dos mapas do DIRBE
produzia um resultado positivo. No mapa mais sensível do DMR
(53GHz) o
das flutuações devidas à poeira corresponde a
K para
e
resolução angular de
, sendo que a incerteza reflete o efeito do
ruído instrumental e da própria RCF no ajuste de
. Por outro lado,
como este valor de
resulta em aproximadamente o dobro em
GHz, é necessário incluir um
outro componente Galáctico, cujo padrão espacial de emissão esteja
correlacionado com o da poeira nesta escala angular.
Uma vez que a correlação cruzada entre os mapas do DIRBE e do
componente síncrotron em 53GHz produzem valores de duas
ordens de magnitude inferiores do que no ajuste de
entre o
DIRBE e o DMR, conclui-se que o componente adicional deve corresponder
à emissão livre-livre. A decomposição do sinal mediante o conhecimento
de
resulta em contribuições equivalentes entre as emissões
livre-livre e da poeira em 90GHz, mas a primeira se torna
dominante em 53GHz. Este contraste aumenta consideravelmente
quando se comparam os ajustes nos dois cortes Galácticos; o que é
compatível com a expectativa de uma contribuição ainda maior do
componente livre-livre quando são considerados os complexos de regiões
HII.
A Figura 1.12 revela a extensão da contaminação Galáctica em termos do
desvio médio quadrático da temperatura de antena de seus componentes
no trabalho de Kogut et al. (1996a). O componente síncrotron
corresponde
ao modelo da seção 3.2.1 normalizado pelo ajuste de em
GHz e implica num limite superior para este componente de
K; ou seja,
(da Equação
16
se obtém
para
G)9. A figura
também mostra as contribuições resultantes do ajuste de
entre
DIRBE/DMR segundo uma decomposição de poeira (com
-
e
-
) e emissão
livre-livre
quando
.
A utilização do método da combinação linear descrito no início
da seção 3.3 (mas desta vez favorecendo o componente com índice
espectral
em detrimento do de natureza planckiana) não
corrobora, entretanto, a hipótese de que fontes de radiação livre-livre
não-correlacionadas com a emissão da poeira poderiam dominar a
contaminação livre-livre nas escalas angulares sondadas pelos mapas do
DMR. No mínimo, a morfologia da contaminação livre-livre se mostra
espacialmente correlacionda com a da poeira.
Finalmente, Kogut et al. (1996a) normalizam o espectro de potência
do mapa em m do DIRBE com o ajuste do valor de
para a
decomposição livre-livre/poeira. O procedimento determina o espectro de
potência do componente livre-livre em 53GHz que, quando
comparado com o do mapa livre-livre resultante da combinação linear,
mostra claramente que a ausência de estrutura neste mapa está relacionada
à impossibilidade de se distinguir a amplitude do sinal livre-livre na
presença de ruído instrumental. Porém, se sua morfologia é especificada
a priori
por meio da sua correlação com a poeira, é possível prever, a partir de seu
espectro de potência, o
de suas flutuações em escalas angulares
menores. Os resultados previstos se mostram inteiramente compatíveis
com os valores observados até
. Numa escala angular de
a contaminação prevista seria de
K em
53GHz; enquanto que sua contribuição ao desvio médio quadrático
da anisotropia na temperatura do céu seria de
K para o
DMR. Como neste caso detectou-se
K, teremos que as flutuações intrínsecas à RCF,
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Uma correlação na distribuição angular da poeira e da emissão
livre-livre implicaria, portanto, numa contaminação abaixo de um nível
significativo para as medidas de anisotropia em escalas angulares menores
que 1. Assim sendo, não haveria necessidade de considerar sua
remoção e evitaria a introdução de ruído estatístico gerado na extração
do sinal cósmico a partir de medidas multifreqüenciais.