Notícia
Brasil e Reino Unido anunciam projeto de cooperação espacial
São José dos Campos-SP, 14 de julho de 2008
Brasil e Reino Unido vão trabalhar juntos no espaço: o satélite brasileiro de observação da Terra Amazônia-1 incluirá a câmera britânica RALCam-3.
A cooperação será concretizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia do Brasil, e pelo Rutherford Appleton Laboratory - Science & Technology Facilities Council (RAL-STFC).
O fato foi anunciado nesta segunda-feira (14/7) pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, e pelo embaixador do Reino Unido, Peter Collecott, durante a 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que está sendo realizada na Universidade de Campinas (Unicamp), em Campinas, São Paulo.
O satélite Amazônia-1, com lançamento previsto para 2010, será o primeiro satélite de recursos terrestres totalmente desenvolvido pelo Brasil e utilizará a Plataforma Multimissão-PMM, de médio porte, também desenvolvida pelo INPE e por indústrias brasileiras, no contexto do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), coordenado pela Agência Espacial Brasileira (AEB). O Amazônia-1 carregará, igualmente, um instrumento óptico com resolução espacial de 40 m e capacidade de imageamento de uma faixa de 780 km.
A câmara RALCam-3 produzirá imagens com resolução da superfície terrestre de cerca de 12 metros e com 110km de campo de visada. A tecnologia a ser por ela utilizada é inédita em satélites brasileiros e permitirá a geração de imagens com maior definição, aptas, por exemplo, a monitorar o meio ambiente e prover a gestão de recursos naturais.
As origens da parceria
Esta cooperação espacial, pioneira nas relações entre os dois países, resultou do documento assinado pelo INPE e o RAL-STFC em abril de 2007 para estimular a colaboração entre as duas instituições, como parte das atividades da parceria Brasil-Reino Unido no âmbito mais geral da ciência, tecnologia e inovação.
Durante a visita oficial do Presidente Lula ao Reino Unido, em 2006, foi criado o Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação que identifica metas e prioridades para ambos os países. Este plano foi consolidado no Ano Brasileiro-Britânico da Ciência e Inovação (março de 2007 a 2008), que, organizado pela representação diplomática britânica no Brasil e pelo governo brasileiro, através do Ministério da C&T e o Ministério das Relações Exteriores, identificou áreas de cooperação entre instituições brasileiras e britânicas. Devido ao sucesso do Ano da Ciência, os governos dos dois países firmaram acordo, iniciando nova etapa de cooperação bilateral. Esta cooperação, que inclui a organização de eventos, missões e outras atividades, vem promovendo a aproximação e o entendimento entre universidades, institutos de pesquisa e empresas dos dois países em diversas áreas da ciência.
Distribuição gratuita dos dados
Associado aos satélites da série CBERS (China Brazil Earth Resources Satellite), o Amazônia-1 produzirá imagens com maior freqüência e maior definição, adequadas para monitorar o ambiente e gerenciar recursos naturais. Tais imagens poderão ser utilizadas em todo o mundo, pois o Brasil, através do INPE, adota a política de dados livres, considerados bens públicos e disponibilizados gratuitamente pela Internet.
O Amazonas-1 e a Plataforma Multimissão
O satélite Amazônia-1 é baseado na Plataforma Multimissão (PMM), desenvolvida pelo INPE. A PMM é plataforma genérica para satélites na classe de 500 kg. Com massa de 250 kg, ela provê os recursos necessários, em termos de potência, controle, comunicação e outros, para operar, em órbita, uma carga útil de até 280 kg.
A configuração atual do Amazônia-1 prevê a câmera Advanced Wide Field Imager (AWFI), a ser desenvolvida pela indústria brasileira. Considerando a capacidade da PMM, há margem técnica para incluir outro instrumento que complemente a missão e represente um avanço em termos tecnológicos e de aplicações. A câmera britânica RALCam-3 tem as características ideais para isso.
Sobre o STFC/RAL
O Rutherford Appleton Laboratory (RAL) está diretamente ligado ao Science & Technology Facilities Council (STFC), o conselho de pesquisa britânico responsável pela gestão de tecnologia e infra-estrutura para pesquisas científicas no Reino Unido. Foi criado em abril de 2007, pela fusão do CCLRC - Council for the Central Laboratory of the Research Councils (Conselho Gestor do Laboratório Central dos Conselhos de Pesquisa) e do PPARC - Particle Physics and Astronomy Research Council (Conselho de Pesquisa sobre Física de Partículas e Astronomia). O RAL também é responsável pelas Instalações de Neutron & Síncroton e pela Instalação de Laser Central, e seu programa espacial também está associado ao Centro Espacial Nacional Britânico.
Plataforma Multimissão
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