Notícia
Workshop discute representatividade da Astronomia e Astrofísica no MCT
São José dos Campos-SP, 08 de abril de 2008
Para discutir a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico em Astronomia e Astrofísica nas unidades de pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), foi realizado um workshop no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), no dia 13 de março.
Com o objetivo de buscar mecanismos para tornar a atual estrutura mais eficiente e eficaz, o workshop buscou identificar oportunidades de parcerias e de desenvolvimento conjunto entre as unidades de pesquisa que têm atividades nesta área, evitando assim duplicações desnecessárias e pulverização de recursos. Procuramos identificar as iniciativas que já apresentam sinergia entre as instituições, a maneira como os recursos são distribuídos e quais os mecanismos de tomada de decisão que são geralmente usados, conta o diretor científico do INPE e astrofísico João Braga.
Além do INPE, realizam atividades nesta área outras quatro unidades do MCT: Observatório Nacional (ON), Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e Museu de Astronomia (MAST). Na Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), cerca de 20% dos quase 600 sócios são ligados a estas unidades de pesquisa. Se considerarmos apenas os doutores, os profissionais do MCT representam cerca de 40% da comunidade. Porém, diversas sub-áreas da Astronomia, tais como radioastronomia, astronomia óptica e no infravermelho, astronomia de raios X e gama, ondas gravitacionais e astropartículas, não estão igualmente distribuídas pelo MCT. Uma delas (astronomia óptica e no infravermelho) se faz presente em todas as unidades de pesquisa, enquanto todas as outras sub-áreas estão em apenas uma ou duas.
Entre as principais questões identificadas neste workshop, foi destacada a inexistência de um orçamento específico para a área de Astronomia/Astrofísica no âmbito do MCT. Os recursos do Tesouro são liberados para as instituições através de ações de diferentes programas do Plano Plurianual (PPA) do Governo Federal. Além disso, as unidades de pesquisa possuem estruturas organizacionais diferenciadas, nas quais as atividades de Astronomia/Astrofísica em alguns casos desenvolvem-se em paralelo com as áreas de Geofísica, Ciências Espaciais e Física em geral. Essa diversidade reflete uma desarticulação e falta de planejamento integrado para a área de Astronomia/Astrofísica no MCT.
Os participantes do workshop também se mostraram preocupados com a inexistência de mecanismos integrados de tomada de decisões na área. Atualmente, o Conselho Técnico Científico (CTC) do LNA vem assumindo na prática o papel de um fórum nacional de discussão e deliberação sobre os projetos de astronomia e astrofísica no país, sejam atuais ou futuros.
Embora o LNA seja um laboratório nacional e abrigue os escritórios nacionais dos telescópios Gemini e SOAR, os pesquisadores consideram que o seu CTC não seja o fórum ideal para essas deliberações, já que outras unidades também possuem CTCs atuantes. Por exemplo, o caso do INPE: embora o instituto seja o único órgão civil executor do Programa Espacial Brasileiro, o seu CTC não pode ter poder decisório sobre a Política Espacial Brasileira, já que outras instituições estão envolvidas. Por isso, o workshop decidiu pela instituição de um fórum mais adequado do que o CTC do LNA para representar de forma integrada toda a comunidade astronômica e deliberar sobre a política científica e tecnológica para a astronomia brasileira no âmbito das unidades de pesquisa do MCT, diz Odylio Aguiar, pesquisador da Divisão de Astrofísica do INPE e um dos participantes do encontro.
Este novo fórum deve incluir pesquisadores não apenas relacionados com atividades em astronomia óptica, mas também com todas as outras áreas da astrofísica moderna, envolvendo observações de radiação eletromagnética em todos os comprimentos de onda, desenvolvimentos instrumentais e de software, técnicas experimentais e observacionais, cosmologia, astrofísica relativística e astrofísica teórica.
Outra questão considerada importante foi o processo de escolha dos comitês de busca para dirigentes das unidades de pesquisa do MCT. No modelo vigente, a comunidade de pesquisadores em astronomia em cada unidade não é consultada para opinar em nenhuma das suas instâncias. Na prática, as decisões sobre as composições desses comitês não levam em conta as opiniões da comunidade de astrônomos e astrofísicos. A criação de um fórum representativo da comunidade astronômica brasileira, no âmbito do MCT, poderia também ser uma instância de consulta adequada no que refere à escolha de diretores das unidades de pesquisa com atividades em astronomia/astrofísica, acredita Luiz Nicolaci, astrofísico do Observatório Nacional que também participou do workshop.
Este foi o terceiro workshop e o próximo está agendado para 29 de abril, também no INPE. Como resultado dos encontros, será elaborado um documento ao MCT e à comunidade astronômica brasileira.
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