Notícia
CPTEC/INPE apóia países africanos a implantar sistema de previsões meteorológicas
São José dos Campos-SP, 29 de junho de 2007
Desde o ano passado, o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), vem auxiliando países africanos de língua portuguesa na instalação de um sistema de monitoramento e de previsão de tempo e clima. Com o apoio da Universidade de Évora, de Portugal, e de uma empresa de consultoria em meteorologia, a Audimobil, instituições de meteorologia de São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné-Bissau estão operando pela primeira vez modelos numéricos de previsão.
O suporte do CPTEC/INPE foi solicitado por intermédio da Universidade de Évora, que vem buscando estreitar os laços de cooperação científica em meteorologia entre países de língua portuguesa. O modelo BRAMS Brazilian Regional Atmospheric Modelling System (em português, Sistema Regional Brasileiro de Modelagem Atmosférica) foi o escolhido para gerar as previsões destes países.
O treinamento para o uso do BRAMS, realizado em Portugal e nos países africanos, ficou sob a responsabilidade do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, da USP. O CPTEC/INPE forneceu um sistema operacional de dados meteorológicos, baseado em softwares livres e na rede conhecida como Internet Data Distribution (IDD), além de capacitar os especialistas africanos na utilização deste sistema.
O IDD consiste de uma rede de instituições situadas em vários pontos do planeta que, através da Internet, promove a troca de saídas de modelos numéricos de previsão de tempo, de dados hidro-meteorológicos e a recepção dos dados da rede de comunicação da Organização Meteorológica Mundial (OMM), o GTS (Global Telecommunication System). Com os dados recebidos através do IDD, as instituições africanas iniciam o processamento diário dos modelos de previsão de tempo.
Além deste suporte, o CPTEC/INPE comprometeu-se a gerar diariamente previsões numéricas globais para que as instituições africanas pudessem rodar o modelo regional, o BRAMS. São os modelos globais que geram as condições iniciais e de contorno para o processamento do modelo regional.
As previsões meteorológicas dos países africanos já estão operacionais, embora somente as de Guiné-Bissau estejam disponíveis na Internet (http://www.siclimad.com/index.html). Na webpage do Sistema de Informação Climática e do Estado do Mar para Apoio ao Desenvolvimento Sustentado (SICLIMAD) é possível acompanhar as previsões de tempo e alguns produtos específicos para os países envolvidos no projeto. As previsões do BRAMS e do modelo de ondas do CPTEC/INPE também estão sendo utilizadas para o monitoramento das condições do mar na costa dos países africanos envolvidos no projeto.
Cooperação à base de software livre e rede aberta de distribuição de dados
A parceria com os países africanos se pautou pelo treinamento e capacitação de seus especialistas em ferramentas facilmente acessíveis e gratuitas. O modelo regional BRAMS (www.cptec.inpe.br/brams), fornecido ao projeto, é dedicado a previsões para a América Latina. Foi desenvolvido a partir de um software livre, o RAMS, criado originalmente pela empresa Atmospheric, Meteorological, and Environmental Technologies (ATMET), dos Estados Unidos, que possui ligações com a Universidade de Estado do Colorado.
Desde o lançamento da primeira versão, em 1998, que contou com o auxílio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o modelo vem sendo aperfeiçoado pela USP e pelo CPTEC/INPE, com a participação das universidades federais de Campina Grande (UFCG), Rio Grande do Sul (UFRG) e Rio de Janeiro (UFRJ).
O IDD é outro recurso extremamente útil às instituições integrantes de sua rede, a maioria universidades, além de centros de pesquisa. Desenvolvido no início dos anos 90 pelo Centro do Programa Unidata, da University Corporation for Atmospheric Research (UCAR) - em português, Corporação de Universidades para a Pesquisa Atmosférica , o IDD além de promover a troca de dados meteorológicos em tempo real, também é capaz de fazer um controle de qualidade dos mesmos, apontando estações que possam estar precisando de manutenção.
Atualmente mais de 150 instituições dos Estados Unidos, entre outras situadas em diferentes pontos do planeta, participam da rede. As transmissões de dados são feitas via Internet.
Em 2004, com a colaboração do CPTEC/INPE e das universidades UFRJ e USP, o sistema IDD foi expandido para o Brasil, criando-se o IDD-Brasil. A partir da versão nacional do IDD outras instituições no Brasil, América Latina, Portugal e países africanos passaram a usufruir dos dados da rede. O objetivo do IDD é ampliar a troca de dados observacionais entre instituições de todo o mundo e promover a melhoria das previsões de tempo.
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