Next: O espectro
Up: Radiação Cósmica de Fundo
Previous: Radiação Cósmica de Fundo
As observações da RCFM são realizadas utilizando-se técnicas de
radioastronomia. Em microondas, duas tecnologias distintas são
utilizadas para medir anisotropias na RCFM: radiômetros, que
utilizam amplificadores baseados em diodos HEMT (High
Electron Mobility Transistors) e bolômetros. Radiômetros utilizam
detectores coerentes sensíveis ao ruído térmico gerado numa antena
devido a um dado fluxo em rádio nela incidente. Detectores
coerentes são aqueles que preservam a informação da fase do sinal.
Há diversas montagens de radiômetros. Os mais simples são do tipo
potência total e medem continuamente o sinal recebido pela antena.
Radiômetros do tipo Dicke alternam o sinal de uma região do
céu recebido pela antena com o sinal de uma carga de referência,
mantida a uma temperatura constante, ou com o sinal de uma outra
região do céu. O sinal resultante é proporcional à diferença das
temperaturas de ruído da antena e da carga (ou proporcional à
diferença de temperatura das duas regiões do céu). Em geral, esse
tipo de receptor é usado em freqüências menores que
GHz.
Bolômetros são detectores térmicos não-coerentes nos quais os
fótons incidentes geram variações de temperatura em um material
absorvedor. Um termômetro feito com material que apresenta grande
variação na resistência elétrica para pequenas variações de
temperatura é acoplado ao material absorvedor. A resistência
do termômetro muda com a temperatura. Aplicando-se uma corrente
constante
ao termômetro, variações em
geram variações na
voltagem
de um circuito que são amplificadas e medidas.
Bolômetros são sensíveis à radiação em qualquer freqüência e
direção, sendo chamados de detectores incoerentes (não preservam a
fase da radiação incidente). Por esse motivo, o absorvedor é
usualmente colocado em uma cavidade, de modo a melhorar a
eficiência do detector por múltiplas reflexões e a seleção em
freqüência é realizada por filtros. Esses detectores são usados em
freqüências maiores que
.
Dependendo da característica da RCFM que se quer medir, deve-se
utilizar técnicas de medidas absolutas ou diferenciais de
temperatura. O experimento FIRAS-COBE, por exemplo, foi projetado
para medir o espectro da RCFM e utilizou, para isso, medidas
absolutas da temperatura da RCFM. As medidas absolutas são obtidas
por integração do sinal incidente, sendo somente calibradas
utilizando-se uma fonte externa. O espectro medido pelo
FIRAS-COBE, ajustado a uma curva de corpo negro, forneceu uma
temperatura K para a RCFM. O DMR-COBE
realizou medidas diferenciais, isto é, subtraindo os sinais do céu
provenientes de duas cornetas separadas por
, que
delimitavam, cada uma, regiões de
no céu e encontrou, para
as flutuações de temperatura, um valor
.
O fluxo coletado por um detector de microondas é convertido em voltagem
e deve ser calibrado em unidades físicas. Tipicamente, a
calibração é feita em termos de temperatura de antena,
, que é proporcional à potência
recebida por unidade de banda
. Para uma boa
calibração, é necessário utilizar uma fonte estável com fluxo
conhecido. Júpiter ou Marte, por exemplo, fornecem um sinal de
mK, em comprimentos de onda milimétricos, para uma
corneta com abertura de
.
Devido à baixa relação sinal-ruído das medidas da RCFM, um dos
grandes desafios encontrados na preparação e execução dos
experimentos é identificar e rejeitar erros sistemáticos, tais
como distorção do feixe principal, sinais espúrios captados pelos
lóbulos laterais da antena, imprecisão no apontamento do
instrumento, discrepâncias de calibração, ruído , flutuações
periódicas e térmicas causadas por modulações no sinal devidas à
atmosfera e variações de ganho nos receptores. A compreensão
desses fatores é que permitirá a obtenção de uma melhor razão
sinal-ruído e, conseqüentemente, de uma melhor determinação das
propriedades da RCFM.