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Os cenários previstos pelo MCP para um Universo homogêneo e isotrópico em expansão
dependem essencialmente da densidade de energia e matéria e da taxa de expansão do
Universo. A curvatura do espaço-tempo, criada pela presença de matéria no Universo,
desempenha um importante papel na interpretação de informações sobre luminosidade,
distância, idade, tamanho angular e densidade numérica de objetos extragalácticos.
Testes cosmológicos clássicos examinam esses observáveis na tentativa de refinar medidas
de alguns parâmetros que descrevem o Universo, como a constante de Hubble e o
parâmetro de desaceleração
.
Mattig, em 1958, e Terrell, em 1977, mostraram que, para um universo homogêneo e
isotrópico com constante cosmológica , a relação magnitude-redshift é
dada por
em que é a magnitude bolométrica aparente,
é a magnitude
bolométrica absoluta,
é a distância de luminosidade em Mpc (megaparsecs),
é
a velocidade da luz,
é o deslocamento para o vermelho (redshift),
é a
constante de Hubble e
é o parâmetro de desaceleração. Teoricamente, a relação de
Mattig pode ser usada para relacionar os observáveis
e
com os parâmetros
e
. Entretanto, limitações de sensibilidade dos detectores, processos
físicos que ocorrem nas estrelas e no meio interestelar e variações na magnitude
aparente de objetos distantes exigem cálculos complicados para corrigir as quantidades
envolvidas na Equação (1). Na prática, essas correções introduzem erros que
impedem que alguma conclusão definitiva sobre diferentes cenários cosmológicos possa ser
inferida a partir da relação de Mattig. Porém, essa relação continua sendo importante,
pois todos os testes cosmológicos que envolvem a grandeza
podem ser diretamente
relacionados ao redshift
e aos parâmetros
e
.
Outro teste cosmológico clássico é a contagem de galáxias em função da magnitude
aparente. Se as galáxias estão uniformemente distribuídas no céu e possuem a mesma
luminosidade absoluta , então o número de galáxias com fluxo aparente superior a
será dado por
em que é a densidade de galáxias. Portanto, o número de galáxias com
magnitude aparente menor que
será
Esse teste pode indicar se a distribuição de galáxias em grande escala é de
fato uniforme. O Telescópio Hubble vem sendo usado para estender as contagens de
galáxias até e
. Entretanto, esses números ainda não fornecem uma
prova definitiva da geometria do Universo. Fontes que emitem em rádio permitem realizar
contagens em redshifts maiores do que fontes que emitem no óptico. Em um universo
euclidiano estático, a contagem do número de fontes de rádio, por unidade de ângulo
sólido, com densidade de fluxo maior que
deve obedecer à relação
Eventuais desvios de uma inclinação (numa escala logarítmica) permitiriam
selecionar um (ou alguns) cenário(s) cosmológico(s) que se ajusta(m) bem às observações.
Porém, um excesso significativo de radiofontes tem sido encontrado em comparação ao que
se esperaria no MCP. O aumento observado em
quando
decresce não pode ser
explicado por efeitos de curvatura no espaço-tempo. A contagem de radiofontes fornece
muito mais informação sobre a evolução das galáxias do que sobre a geometria do
Universo, porque há enormes mudanças nas propriedades das galáxias para
diferentes redshifts.
A variação no diâmetro angular aparente de fontes cósmicas, , em função do
redshift,
, também pode ser usada como teste cosmológico. Em um universo
isotrópico e homogêneo em expansão, uma fonte cósmica com diâmetro linear intrínseco
deve ter um diâmetro ângular aparente dado por
Para um universo homogêneo e isotrópico em expansão com , o tamanho
angular aparente dessa fonte diminui com o aumento do redshift até atingir um
mínimo absoluto em um dado
finito. A partir de então,
aumenta com
. Por exemplo, se
então
é mínimo para
. Esse
teste já foi aplicado a radiofontes que possuem lóbulos duplos até
sem que
nenhum
tenha sido detectado. Efeitos de seleção, porém, comprometem
eventuais conclusões obtidas a partir deste teste. Por exemplo, objetos intrinsicamente
mais luminosos são preferencialmente observados em grandes distâncias. Além disso, o
teste não leva em conta de que forma o tamanho das galáxias varia com o tempo.
Os resultados obtidos com os testes cosmológicos clássicos discutidos acima são
consistentes com um universo homogêneo e isotrópico em expansão, mas a dispersão dos
dados torna impossível usá-los para escolher o melhor dentre os diferentes cenários
cosmológicos. Os
experimentos atuais não têm a precisão neces-sária para inferir conclusões definitivas,
mas sugerem que objetos extragalácticos evoluem no tempo. Felizmente, existem outros
testes (não-clássicos) que também permitem extrair parâmetros cosmológicos a partir de
observáveis físicos. Por exemplo, estimativas obtidas da Radiaçao Cósmica de Fundo em
Microondas indicam que o Universo tem anos,
km
s
Mpc
,
,
,
.